Os tanques de combustível dos veículos vendidos no Brasil estão cada vez menores.
Essa tendência, longe de ser apenas uma escolha das montadoras, está diretamente ligada às normas estabelecidas pelo Programa Nacional de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), com foco em reduzir o impacto ambiental das emissões evaporativas. Entenda abaixo como essa legislação está moldando o mercado automotivo.
O que é o Proconve e por que ele exige tanques menores?
O Proconve, regulamentado pelo Ibama, é um programa criado nos anos 1990 para reduzir a poluição causada pelos veículos automotores no Brasil. Desde então, suas diretrizes têm sido progressivamente aprimoradas, com regras cada vez mais rigorosas. Em 2022, com a implantação da fase L7, as normas passaram a limitar as emissões evaporativas a 0,5 gramas por dia para veículos leves — um nível três vezes menor do que o permitido até 2021.
As emissões evaporativas são causadas pela evaporação do combustível armazenado nos tanques, especialmente em dias de altas temperaturas. Esse fenômeno é natural, mas contribui para o aumento da poluição do ar e, por isso, vem sendo alvo de restrições cada vez mais severas.
Como a legislação influencia o tamanho dos tanques?
Para atender aos limites impostos pelo Proconve, as montadoras adotaram soluções técnicas como o uso de cânisters e filtros de carvão ativado, que capturam os vapores do combustível e os redirecionam para o sistema de indução do motor. Contudo, essas tecnologias não são suficientes para cumprir as metas sem outras adaptações. Por isso, os fabricantes optaram por reduzir o tamanho dos tanques.
Tanques menores oferecem menos espaço vazio, o que diminui a evaporação do combustível e facilita o controle das emissões. Além disso, a redução também auxilia na otimização do peso total do veículo, contribuindo para melhor desempenho e maior eficiência de combustível.
Exemplos práticos dessa mudança
Modelos populares no mercado já mostram como essa tendência se reflete nos veículos:
- Chevrolet Onix: a nova geração vem equipada com um tanque de 44 litros, contra os 53 litros da versão anterior.
- Chevrolet Tracker: segue o mesmo padrão, adotando tanques menores para atender às exigências do Proconve.
Embora a capacidade reduzida possa parecer uma desvantagem para os consumidores, a adaptação garante maior sustentabilidade ambiental e conformidade com as normas globais de emissões.
Testes rigorosos para garantir o cumprimento das normas
O Ibama é o órgão responsável por monitorar o cumprimento das regras estabelecidas pelo Proconve. Para isso, os veículos passam por testes extensivos, incluindo:
- Testes em dinamômetros por 48 horas, simulando condições reais de uso;
- Limitação no abastecimento, restringindo a 50 mg/L de emissões permitidas.
Esses procedimentos asseguram que os veículos entreguem maior eficiência e economia, alinhando-se aos padrões mais rigorosos do mercado global.
Impactos para o consumidor
Embora tanques menores possam exigir paradas mais frequentes para abastecimento, os benefícios incluem:
- Maior eficiência no consumo de combustível, devido ao menor peso do veículo;
- Redução significativa na contribuição de emissões poluentes;
- Alinhamento com as diretrizes globais de sustentabilidade, aumentando o valor ambiental dos veículos nacionais.
Conclusão
A redução do tamanho dos tanques de combustível nos carros no Brasil é uma consequência direta das exigências do Proconve, especialmente após a implantação da fase L7. Essa medida, apesar de representar uma mudança na experiência dos motoristas, reflete um compromisso com a sustentabilidade e o controle da poluição.
Ao adaptar-se a essas regras, o setor automotivo no Brasil segue alinhado às tendências globais de mobilidade mais limpa e responsável. Embora a capacidade reduzida dos tanques possa parecer uma limitação, os benefícios ambientais e a eficiência compensam amplamente essa adaptação.
